São Paulo 16/2/2022 – O Índice de Sustentabilidade Urbana – ISLU 2021 relata que nos últimos 5 anos, o avanço no setor de tratamento do lixo foi quase nenhum.
A sanção da Lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, obriga os municípios a elaborarem Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Mas, um personagem muito importante continua atuando: o catador de material reciclável, profissional responsável por quase 90% do lixo reciclado no Brasil, segundo informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
“Com o reconhecimento da profissão pelo Ministério do Trabalho em 2002, a crise econômica e o aumento da taxa de desemprego no país, o número de catadores elevou”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & negócios (www.revistaecotour.news).
“É inegável que houve avanço no que se refere às condições de trabalho dos catadores, mas apesar de desempenharem todo este trabalho, essa ainda é uma classe que sofre por ter condições de trabalho precárias. Muitos catadores trabalham em situação análoga à escravidão, outros moram nos próprios barracões, ou seja, têm sua residência misturada com lixo, aumentando vetores de doenças e exposição à insalubridade”, diz Johnny Flores, biólogo e integrante do Comitê Técnico do Instituto Paranaense de Reciclagem.
A Close the Class Loop divulgou um dado que mostra que a média de reciclagem de vidro da União Europeia (EU) cresceu 78%, uma taxa recorde. “Esse dado mostra que é possível avançar no Brasil, porém, o país ainda se encontra estagnado quando o assunto é reciclagem, por conta da falta de incentivo e investimento”, pontua Vininha F. Carvalho.
De acordo com a Abividro (Associação Brasileira das Indústrias de Vidro), a reciclagem de vidro no Brasil movimentava até 2018 aproximadamente R$ 120 milhões por ano. Porém, de uma produção de mais de 8 bilhões de unidades por ano, menos da metade desse material era reaproveitado por dificuldades da logística reversa, que trata, genericamente, do fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até o local de origem. Isso se dá por diversos motivos, como dificuldade de locomoção, postos de coleta ou perigo ao manusear o material.
“O vidro é um material 100% reciclável, que pode ser reutilizado infinitas vezes. Sua reciclagem ajuda a minimizar o descarte incorreto de resíduos em aterros e lixões a céu aberto, bem como diminuir energia e zerar a emissão de carbono. Para as empresas, há inúmeros benefícios, além de suprir a demanda necessária do mercado”, enfatiza Rodrigo Clemente, dono da BLZ Recicla, empresa que atua em todo o ciclo de recuperação do vidro.
A long neck tem um vidro mais fino comparado aos outros tipos de garrafa, e isso acontece para que a bebida fique gelada mais rápido. Esse modelo surgiu para concorrer com a latinha de alumínio, porém não foi pensado como seria feito o descarte desse material. Para se ter uma ideia, mais de 90% desse vidro não é reciclado.
Segundo Rodrigo Clemente, proprietário da empresa BLZ Recicla, a reciclagem da long neck não é favorável, o gasto com o procedimento é maior do que fabricar novas. Desta forma, elas são descartadas de forma incorreta, lotando os aterros sanitários e os lixões a céu aberto.
O Índice de Sustentabilidade Urbana – ISLU 2021 relata que nos últimos 5 anos o avanço no setor de tratamento do lixo foi quase nenhum. Em 2016, 55% das cidades ainda utilizavam lixões a céu aberto para o descarte. Na comparação com os números atuais, a queda foi de apenas um ponto porcentual por ano.
“O comportamento da sociedade perante o descarte e reaproveitamento de recicláveis só sofrerá mudanças consideráveis por meio da conscientização coletiva e políticas publicas comprometidas com a preservação do meio ambiente”, conclui Vininha F. Carvalho.
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