Recife/PE 25/2/2022 – A mudança de hábitos para uma dieta vegana não oferece risco à saúde, mas alerta para a necessidade de acompanhamento de um profissional de Nutrição habilitado
Deixar de comer carne tem sido uma opção voluntária para um número crescente de pessoas. Uma pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), realizada em fevereiro de 2021 a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), indicou que 46% dos brasileiros, considerando todas as regiões do país e faixas etárias, já deixam de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana.
Ela apontou ainda que um terço dos brasileiros busca opções veganas nos cardápios, o que representou um aumento em relação a outra pesquisa feita em 2018 e igualmente encomendada pela SVB. Na ocasião, cerca de 30 milhões de brasileiros se declararam veganos, isto é, adeptos da dieta e do uso em geral de produtos isentos de componentes de origem animal, o que corresponde a quase 14% da população total do país.
Os adeptos do veganismo argumentam que esse aumento representa uma crescente na conscientização da população em geral, que aparece em movimentos como o “Segunda Sem Carne”, uma campanha que propõe a troca da proteína animal pela proteína vegetal e presente em escolas, refeitórios de empresas e restaurantes em geral. Esse estilo de alimentação leva em consideração não apenas a melhoria na saúde, mas as dimensões ética, ecológica e do direito dos animais, por exemplo.
O movimento pontua que os ganhos vão desde a queda no consumo de produtos que realizam testagens laboratoriais em animais, que são boicotados, a um freio na produção agropecuária que representa mais de 90% da exploração animal no país. Eles também são contra os zoológicos e outros ambientes com animais fora de seu meio natural, além de pregarem o fim da fabricação de roupas feitas com peles, lã ou couro dos animais.
Para o professor Ângelo Almeida, do curso de Nutrição do Centro Universitário Tiradentes (Unit Pernambuco), a mudança de hábitos para uma dieta vegana não oferece risco à saúde, mas alerta para a necessidade de acompanhamento de um profissional da nutrição habilitado, que ajude a organizar os valores nutricionais essenciais para manter o equilíbrio do organismo. “É preciso suprir todas as necessidades nutricionais para o organismo quando é eliminado da rotina alimentar do indivíduo todos os alimentos de origem animal”, completa o professor.
Um exemplo da importância de se atentar a esses aspectos é a falta de vitamina B12, inexistente nos vegetais, que pode causar anemia e oferece riscos a vegetarianos e veganos. Neste caso específico, é preciso fazer suplementação por cápsulas, principalmente para as crianças ou mulheres grávidas, cuja necessidade de B12 é ainda maior do que a dos adultos. Já no caso de crianças veganas, o cuidado deve ser ainda maior. Os efeitos da deficiência de B12 nos pequenos é ainda mais preocupante e para elas, o que exige, além do acompanhamento de um nutricionista, a orientação de um pediatra.
Segundo o nutricionista, adotar uma alimentação vegana não significa ser saudável. “É possível ter uma alimentação vegana rica em alimentos que não necessariamente sejam nutritivos. Mas a dieta vegana também pode conter bastante nutrientes, e ser benéfica no combate a doenças cardíacas, diminuição dos níveis de açúcares no sangue e auxiliar na função renal, além de ajudar a diminuir as chances de desenvolver alguns tipos de cânceres”, afirmou.
Website: https://pe.unit.br/