Muito se especula sobre o começo das franquias. Alguns afirmam que os primeiros passos no modelo que conhecemos hoje foram desenhados pela Igreja Católica, outros afirmam categoricamente que a franquia começou na idade média que foi de 473 a 1456. Durante esse período o modelo desenvolvido ainda de forma rudimentar.
Muitos estudiosos insistem em afirmar que a Europa tem todos as características para ser o berço da franquia. O termo Franchising vem do francês “franchise” onde “fran” significa concessão de um privilégio ou autorização. Tudo começa nas pequenas cidades burguesas da Europa Medieval, com o pagamento de royalties. Nesta época existiam as chamadas “Cidades Francas”, as quais ofereciam regalias em troca de serventias. Então, desse tipo de troca veio a palavra franchising, originária do francês “franchise” que significa um tipo de autorização ou privilégio.
O que aconteceu na linha do tempo
Em 1731, o inventor norte-americano Benjamin Franklin assinou contrato em parceria com Thomas Whitmarsh para abrir um negócio de impressão em Charlestown, Carolina do Sul. O acordo exigia que, durante seis anos, estivesse sob os cuidados, gerenciamento e direção de ambos.
Já em 1840, a cervejaria alemã Spaten-Franziskaner-Bräu concedeu direitos de venda a várias tabernas locais. Em troca, tinham que pagar pelo direito de usar a marca. Porém, mesmo com a experiência de Franklin e da cervejaria Spaten, a origem mais da história do franchising no mundo moderno teve início nos Estados Unidos, em 1850.
Em 1852 a Singer Sewing Machine Company, (fabricante de máquinas de costura) sediada na região da Nova Inglaterra, resolveu outorgar várias licenças de uso de sua marca e de seus métodos de operação a comerciantes interessados em revender seus produtos em lojas exclusivas situadas em cidades e vilarejos de todos os tamanhos e localizadas nos mais diversos estados da federação norte-americana.
Em 1857 nasce Martha Matilde Harper, que começou como empregada doméstica, aprendeu com um de seus empregadores sobre como fazer uma fórmula de cabelos e se tornou a criadora de uma linha de produtos capilares naturais, implementou as massagens no couro cabeludo, criou a primeira cadeira de cabeleireira que é utilizada até hoje nos salões de beleza e abriu o seu primeiro salão em 1888 com 360 dólares, que eram as suas poupanças de uma vida.
Em 1889 Martha desenvolve uma metodologia de vendas e remuneração e chegou a ter 500 salões por todo Estados Unidos. Ela tinha criado a oportunidade de centenas de mulheres de terem os seus negócios e conseguiu com isso arrecadar uma fortuna.
As mulheres da Era Vitoriana raramente lavavam o cabelo, com um processo que era bastante desconfortável. Para remover a sujeira, elas geralmente usavam uma solução de amônia ou suco de cebola, que cheiravam muito mal. Ambos, porém, nocivos aos olhos. Normalmente, a lavagem e o penteado do cabelo eram realizados por uma empregada, que podia lavar, escovar e arrumar o cabelo de suas patroas. Às vezes, cabeleireiros poderiam ser convidados a ir à casa de uma cliente.
Percebendo toda essa dificuldade Martha Harper cria um tônico milagroso (que era, na verdade, um shampoo orgânico) e um salão de beleza, onde os serviços eram realizados publicamente. Para motivar as clientes a irem ao seu salão, ela deu prioridade ao conforto e nomeou sua gama de serviços de cuidados capilares de “Método Harper“. Por ter sido empregada doméstica por décadas, Martha sabia como agradar os outros.
Dessa forma, ela ajudou inúmeras mulheres a saírem da pobreza e a abrirem seu próprio negócio, considerando que as proprietárias e funcionárias dos primeiros 100 salões eram ex-empregadas. Mais tarde, Martha abriu uma rede de escolas de beleza que ensinava cuidados capilares a partir do seu método; e uma fábrica de produção de cosméticos. No auge do seu negócio, nos anos 1920, a rede já atingia a marca de 500 estabelecimentos.
Martha recusou-se a casar até ter o total controle total do seu império. Casou aos 63 anos com Robert MacBain, de 39 anos. Deixou a liderança da empresa em 1932, tendo como sucessor o seu marido, que deturpou o espírito da fundadora, com a introdução de tratamentos químicos e com o fim do que unia os salões. Martha faleceu em 1950, aos 92 anos. A empresa foi vendida nos anos 70, já uma mera sombra daquilo que tinha sido. O último salão Harper de Rochester fechou em 2005.
Depois, em 1898, a General Motors seguiu a mesma ideia e iniciou a expansão de seus pontos de venda, criando o conceito de “concessionária de veículos”. No mesmo período, a Coca-Cola também criou a sua primeira franquia de fabricação e disponibilizou licenças para que empresários pudessem produzir e comercializar seus refrigerantes em outros locais.
Mas como a Igreja Católica entra nisso tudo?
A Idade Média se destaca pelo processo de ruralização que a Europa viveu entre os séculos V e X, quando a Igreja Católica se fortaleceu com a grande quantidade de terras e se estruturou o sistema feudal.
Neste período a Igreja Católica passou a conceder licenças ou “franquias” a senhores de terras e a outras pessoas para que, em seu nome, coletassem impostos e taxas. Para ter o controle era preciso criar um modelo que pudesse controlar e fazer uma boa gestão. Assim começa o modelo de franquias.
IGREJA CATÓLICA
Enquanto o Império Romano desmanchava-se em crises internas, a Igreja Católica fortaleceu-se e firmou suas bases. A força da Igreja Católica se fez não apenas economicamente mas também política e socialmente, uma vez que estava presente no universo rural e nas decisões políticas daquele período.
Talvez a instituição mais poderosa da Europa, a Igreja Católica possuía (e possui até hoje) um gigantesco patrimônio (grande parte deste patrimônio foi obtido aos custos de fiéis em busca da glória divina). Foi ela a responsável por perpetuar certos costumes Greco-romanos, e também foi a responsável pela sobrevivência da Europa Ocidental atacada por bárbaros Germânicos e a conversão deles ao cristianismo.
A Igreja Católica era a grande responsável pelo pensamento social e cultural na época, seu poder era tão grande que influenciava até a própria monarquia.
Nesta época, a igreja pregava para seus súditos oferecerem seus bens para conquistar a tão sonhada salvação, já que a vida terrena supostamente não valia de absolutamente nada. Com esse pensamento de desprendimento, o Clero conquistou cerca de um terço das terras cultiváveis da Europa Ocidental, sendo ela uma grande senhora feudal.
FRANQUEADOR
Dentro do conceito de franquias o Vaticano seria o Franqueador, dono da marca, dos bens e de todos os produtos que a Igreja Católica tem.
Para controlar todo esse patrimônio era preciso ter uma administração centralizada. Essa gestão atua de forma totalizante, focada no modelo de tomada de decisões pautado na verticalidade.
Ela impacta na forma em que os gestores e funcionários interagem, na organização da empresa e execução de tarefas.
As Principais vantagens desse modelo são:
- Maior controle organizacional;
- Uniformidade nas decisões;
- Comunicação vertical;
- Maior facilidade de avaliar determinadas decisões;
- Evitar alguns prejuízos e desperdícios;
- Evitar duplicação de processos e tarefas.
PADRONIZAÇÃO
Igreja também teve grande monopólio sob o mundo letrado daquele período. Pouquíssimas pessoas, além dos membros da Igreja eram alfabetizadas ou tinham acesso às obras escritas. O que facilitava a disseminação das informações de forma padronizada. A padronização é um dos tripés que estrutura o sistema de franchising. Uma rede de franquias se forma a partir da possibilidade de replicação de um negócio em novas unidades e na transferência de conhecimento. Com o modelo, franqueados exercem suas funções, respeitando parâmetros de qualidade e normas estabelecido para a gestão.
MANUAL
O manual de franquia deve retratar fielmente à realidade a que se propõe, pois ele é a ferramenta que representa a transferência de know how do franqueador para o franqueado. No caso da igreja a Bíblia e o principal manual que conduz e direciona caminhos para que todos possam seguir e conseguir a salvação.
ROYALTIES
No conceito da “franquia da Igreja” o dízimo de 10% sobre a renda (valor pago mensalmente pelos fieis), poderíamos comparar a um modelo de royalties, talvez a mais antiga do mundo.
Royalties é uma palavra em inglês que significa regalia ou privilégio. Consiste em uma quantia que é paga por alguém ao proprietário pelo direito de usar, explorar ou comercializar um produto, obra ou pelo uso de um terreno.
Esta palavra é o plural de royalty, que significa realeza. Isso explica a origem desta forma de pagamento pelo direito de usufruir de algo, que começou quando as pessoas tinham que pagar ao rei para usar os minerais nas suas propriedades.
Os royalties são muito comuns no sistema de franquia, uma taxa que é paga de forma periódica pelo franqueado ao franqueador. Esse valor é uma porcentagem do faturamento bruto obtido pela franquia.
TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
O treinamento de seus franqueados (padres) é bastante profundo. Um padre leva até 8 anos para concluir sua formação. E de tempos em tempos tem cursos de atualização, do mesmo jeito que acontece no mundo das franquias.
LAYOUT
O projeto arquitetônico é seguido à risca por todas “unidades franqueadas”, tendo amplos imóveis próprios, com vários bancos distribuídos em seu interior, com um corredor central no meio que leva até o altar (composto de mesa e imagens sacras) que fica num nível mais elevado. As fachadas também seguem um padrão arquitetônico com torres apontando para o céu, vitrais e sinos.
Investir na padronização de franquias é essencial para garantir a identidade e a qualidade em todas as unidades da rede. O diferencial desse segmento está na uniformidade.
Uma franquia de sucesso precisa seguir um padrão: marca, layout da loja, cores, uniforme, produtos, preços e tipo de atendimento. Todos esses elementos devem ser os mesmos em qualquer estabelecimento franqueado.
EXPANSÃO
A “rede” conta com mais de 221 mil paróquias, que seria chamadas como unidades franqueadas, com atuação no mundo todo. Seguem o padrão arquitetônico e no todas com o mesmo jeito de trabalhar.
A expansão de redes de franquias deve ser planejada, em geral, com base na complexidade da operação e área de interesse da franqueadora. Deve ser levado em consideração a força da marcas e principalmente seu modelo de negócio, que podem requerer ou não planejamentos de logística.
Assim, os planos de expansão mais comuns no setor de franchising estão as estratégias de crescimento em espiral – a partir de um ponto central, por meio de máster franqueados ou mesmo por regiões ou estados.
FORÇA DA MARCA
Essa “franquia” possui o logotipo mais conhecido: a cruz. Uma marca muito forte e a mais antiga do mundo que resiste ao tempo e se fortalece constantemente. Atualmente 18% da população mundial são cristãos e estão distribuídos principalmente na Europa e na América, mas também em outras regiões do mundo. São mais de 1,3 bilhão de católicos e estão distribuídos por continente: 48,5% na América, 21,8% na Europa, 17,8% na África, 11,1% na Ásia e 0,8% na Oceania.
Marca é o maior item do patrimônio da empresa, é um ativo intangível cujo valor ainda causa discórdias na hora de ser contabilizado. A “Força da Marca” não é simples, não basta tão somente falar do impacto que ela tem numa sociedade, na cultura que ela pode gerar ao longo do tempo, mas também da força que isso gera na economia, na abertura de fronteiras, enfim, a marca é mais que um símbolo.
Depois de conhecer um pouco da história da franquia, você afirmaria que A franquia começou na idade média ou não? Qual a sua opinião?
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