Uma parte das pessoas tem uma ideia do que pode ser uma franquia, mas e você sabe o que é uma franquia? Muito se especula sobre o modelo de franquias e pouco se sabe sobre a história real. Hoje vamos contar um pouco sobre a história e trazer também os conceitos que são importantes para a tomada de decisão de empreender.
Existe um certo debate quanto a real origem do modelo de franquias. Enquanto o consenso geral liga o início do modelo à fabricante de máquinas de costura Singer Sewing Machine Company, algumas teorias vão até mais longe. Por exemplo, alguns pesquisadores afirmam que a história do franchising no mundo começou — pasmem — a partir da Igreja Católica.
Mas além da Igreja Católica, algumas características do mundo da franquia conhecemos hoje já podiam ser observadas nas pequenas cidades burguesas da Europa Medieval, o pagamento de royalties. Nesta época existiam as chamadas “Cidades Francas”, as quais ofereciam regalias em troca de serventias. Então, desse tipo de troca veio a palavra franchising, originária do francês “franchise” que significa um tipo de autorização ou privilégio.
Vamos organizar a história no tempo
A Idade Média (476 a 1453) ficou marcada pelo feudalismo, pela influência da Igreja, e pelas Cruzadas e Inquisição. Encerrou-se com a crise do século XIV e a expansão marítima.
Na França o conceito de franchising surgiu na Idade Média, por intermédio do Rei Hugo Capeto, que no Ano 987 DC montou uma espécie de feira livre no pátio de seu castelo e cobrou uma taxa sobre as vendas. Assim, os donos das terras davam aos comerciantes o privilégio de circular nos locais, o que era chamada a carta de franquia. Para isso, tinham que pagar os royalties a estes reis e proprietários dos terrenos.
O que aconteceu depois de um século
Em 1731
o inventor norte-americano Benjamin Franklin assinou contrato em parceria com Thomas Whitmarsh para abrir um negócio de impressão em Charlestown, Carolina do Sul. O acordo exigia que, durante seis anos, estivesse sob os cuidados, gerenciamento e direção de ambos.
Em 1840
A cervejaria alemã Spaten-Franziskaner-Bräu concedeu direitos de venda a várias tabernas locais. Mas, em troca, tinham que pagar pelo direito de usar o nome comercial (marca). Mais de um século depois, outra forma de empreendimento que se aproximou do modelo de franchising atual foi na Alemanha. Uma cervejaria, a Spaten-Franziskaner-Bräu, repassou a várias tabernas os direitos de venda de suas cervejas, em troca do pagamento pelo uso da marca.
Em 1850
Mas o sistema tradicional de franchising teve origem por volta de 1850 quando a Singer Sewing Machine Company, com sede em Connecticut (Estados Unidos) fez comerciantes independentes donos de seus próprios negócios, autorizando-os a comercializar seus produtos e fazer uso de sua marca.
Em 1889
Coca-Cola passou a conceder franquias de engarrafamento e distribuição dos refrigerantes.
A decisão foi tomada pelo alto custo do transporte do produto engarrafado. A marca enviava xaropes concentrados para os franqueados e solicitava o cumprimento de exigências como seguir fórmulas e processos rigorosos.
A Coca tinha como objetivo garantir o engarrafamento e uma distribuição mais abrangente de seus produtos,utilizando recursos e transporte de terceiros.
Em 1890
A rede era comandada por Martha Matilda Harper, uma canadense que mudou-se para Rochester, Nova Iorque, em 1882. O salão de Harper, que tinha um método próprio chamado de Harper Method Hair Parlour, e muitas de suas inovações fundamentam o conceito moderno do salão de cabeleireiro que conhecemos atualmente. Antes de Harper, os cabeleireiros costumavam fazer visitas domiciliares. Ela criou a cadeira para cortar cabelo, a cadeira para lavar o cabelo e usou o tônico capilar desenvolvido por ela em si mesma para fazer propaganda.
Seu cabelo era tão grande que ia até o chão e também serviu como uma ferramenta de marketing eficaz e apareceu em muitos anúncios de seus produtos. Ela contratou ex-funcionários para trabalhar em seu salão. Em 1891, por insistência de Bertha Palmer, da famosa Palmer House, Harper se tornou a primeira a iniciar uma moderna franquia de varejo, permitindo que os franqueados abrissem salões sob o nome Harper. Sua primeira franquia foi em Buffalo, Nova York. Em 1920, a rede chegou a ter mais de 500 unidades espalhadas pelos Estados Unidos, Alemanha e Escócia.
Em 1896
o vendedor norte-americano William Metzger, abriu a primeira concessionária de automóveis independente em Detroit, que percebeu a oportunidade para distribuir os automóveis, em 1898, a General Motors adotou o franchising para expandir a rede de revenda de carros.
Adotaram o sistema de franquias como uma forma de fazer negócios e crescer, ocupando mercados. A finalidade da GM era expandir a sua rede de revendas de automóveis utilizando terceiros nesse processo.
Em 1917
O mais curioso e incomum de tudo é que até então não existia o costume de que as pessoas irem a loja para pegar os produtos que desejavam. Isso era feito pelos balconistas que ficavam encarregados de coletar os itens da preferência do cliente conforme sua lista e validar a compra. Foi o primeiro modelo mundial nesse formato.
Em 1921
A Hertz Rent-a-Car, fundada em 1918, como locadora de veículos, adota o modelo de franquias para expandir ao longo dos EUA. Tudo começa quando o jovem Walter L. Jacobs resolveu empreender e teve uma ideia que revolucionaria a indústria de automóveis. Ele abriu uma pequena locadora de veículos, que tinha apenas 12 carros da marca Ford. Mas o negócio, que era inusitado para a época, e deu tão certo que, em 1923, já contava com cerca de 600 carros que geravam uma receita que ultrapassava 1 milhão de dólares.
Mas mesmo com todo o sucesso, o atual proprietário acabou vendendo sua locadora para o visionário John Daniel Hertz, que era presidente de uma empresa de táxi. John acabou mudando o nome do seu novo negócio para Hertz, adotando a sua conhecida cor amarela. Em 1921, a Hertz adotou o sistema de franquias e passou a atuar em todo os Estados Unidos.
Em 1925
A proliferação do automóvel e a mobilidade que ele oferecia resultaram em mais de 450 estandes da A&W Root Beer operando em 1950.
Em 1930
As companhias de petróleo converteram os postos de revenda de combustível que operavam diretamente, autorizando oficinas de reparos a colocarem suas marcas, bem como revender gasolina, lubrificantes e outros itens que produziam e distribuíam.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando milhares de ex-combatentes retornaram às suas cidades de origem, determinados a não mais receber ordens, decidiram se tornar seus próprios patrões. Embora fossem empreendedores, esforçados e dispostos a trabalhar duro, muitos negócios faliram, pois os ex-combatentes não tinham experiência anterior na implantação, operação e muito menos na gestão de um negócio.
Este momento foi um marco para o crescimento de sistemas de franquias, pois surgiu como a solução para a falta de experiência, não apenas para assegurar o acesso, pelos empreendedores, aos conhecimentos, marcas, processos, produtos,
e serviços fundamentais para serem bem sucedidos, mas também pela facilidade de financiamento através de um órgão que dava suporte a pequenos negócios (Small Business Administration), uma espécie de SEBRAE americano.
Em 1970 as franquias pousam no Brasil. A primeira marca a trazer o modelo para cá foi o ainda que de forma rudimentar,
surgiram na década de 60 algumas franquias, com destaque para os cursos de idiomas Yázigi e CCAA, mas isso é história para a próxima matéria que vamos escrever.
Conceito de franquias
A franquia é um sistema de negócios na qual o dono da marca autoriza por meio de contrato cessão de marcas, pessoas a usar a marca e o produtos.
Marcas e outros objetos de propriedade intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante o período de treinamento.
Traduzindo o conceito formal, franquias é a concessão do direito de uso fornecida pelo proprietário de uma marca (franqueador) a um investidor (franqueado) para que ele possa replicar em diferentes locais um formato reconhecido e bem sucedido de exploração de mercado. O modelo de negócios é regido por uma lei específica, a Lei da Franquia assinada em dezembro de 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro.
O termo franquia é utilizado tanto para designar o sistema quanto a pessoa jurídica que participa de uma rede de franquias (a unidade franqueada). O termo franchising é comumente utilizado para designar a estratégia de distribuição e comercialização de produtos e serviços.
É importante ressaltar que a história da franquia é formada por uma série referências do passado. Estima-se que o modelo tenha sido elaborado e desenvolvido de forma rudimentar ainda no Sec XV, pela Igreja Católica. Entretanto existem outras histórias que valem a pena conhecer e que ajudam a entender o modelo que vem amadurecendo e atualizando o varejo no Brasil e no mundo.
Para que uma rede de franquias seja criada é preciso que entrem em cena alguns personagens importantes para o funcionamento do modelo de negócios:
O que mais preciso saber sobre o modelo de franquias
Franqueador
Pessoa jurídica detentora dos direitos sobre determinada marca ou patente, que formata um modelo de negócio e cede a terceiros (franqueados) o direito de uso desta marca ou patente e do know-how por ela desenvolvida, sendo remunerada por eles pelo uso deste sistema.
Franqueado
Pessoa física ou jurídica que adere à rede de franquias idealizada pelo franqueador, mediante o pagamento de um determinado valor pela cessão do direito de uso da marca ou patente e transferência de know-how, comprometendo-se a seguir o modelo por ele definido.
Para se tornar franqueado de uma rede é importante saber que algumas regras deverão ser seguidas.
Royalty
Remuneração periódica paga pelo franqueado pelo uso da marca e serviços prestados pelo franqueador. Geralmente é cobrado um percentual sobre o faturamento bruto.
Taxa de franquia (Franchise FEE ou Taxa Inicial)
é um valor único estipulado pelo franqueador para que o franqueado possa aderir ao sistema, pago na assinatura do pré-contrato ou contrato de franquia. Esta taxa também remunera o franqueador pelos serviços inicialmente oferecidos ao franqueado. Alguns franqueadores cobram um percentual da taxa de franquia no momento da renovação do contrato.
Fundo de Propaganda (Fundo de Promoção)
É a remuneração referente às taxas de publicidade pagas pelos franqueados e pelas unidades próprias dos franqueadores e que deve ser utilizado para ações de marketing que beneficiem toda a rede. Geralmente, o franqueador é o administrador do fundo, mas deve prestar contas periódicas aos franqueados.
Conselho de Franqueados
Esse conselho tem um caráter consultivo e é constituído pela franqueadora e por um grupo de franqueados principalmente para a administração do Fundo de Propaganda.
Circular de Oferta de Franquia (COF)
documento que, segundo a legislação brasileira, deve ser entregue pelo franqueador ao candidato a franqueado até 10 dias antes da assinatura do pré-contrato, contrato ou pagamento de qualquer valor. Em resumo, ela deve ser entregue por escrito e ser redigida de forma clara, contendo as informações sobre a franquia, a rede de franqueados e tudo o que será exigido do franqueado antes e após a assinatura do contrato de franquia.
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