São Paulo, SP 10/1/2022 –
A pandemia da covid-19 atingiu o mundo de forma bastante dura, com destaque para os efeitos sobre a saúde mental das populações locais. No Brasil, cerca de 44% da população apresentou quadro de ansiedade, e outros 61%, de depressão. Os dados estão no relatório “Strengthening mental health responses to COVID-19 in the Americas: A health policy analysis and recommendations”, da Opas (Organização Panamericana de Saúde).
Seria o momento para que as pessoas fossem em busca de apoio psicológico e terapia – e a demanda por esse tipo de tratamento é alta – a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou o Brasil na 5ª posição no mundo em casos de depressão, e lidera o ranking na América Latina (são mais de 11,5 milhões de pessoas afetadas pela doença) – e tem crescido: estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) divulgado em outubro apontou alta de 50% nos quadros depressivos e de 80% nos ansiosos nos últimos seis meses. Mas outra pesquisa, esta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicada pela revista The Lancet Regional Health, mostrou que as consultas relacionadas à saúde mental durante a pandemia caíram 28% no Brasil. Isso representa aproximadamente 470 mil consultas que não aconteceram. Os indicadores são baseados em dados do DataSUS.
Com a impossibilidade de comparecer a consultas (principalmente devido às medidas de distanciamento social, que afetaram parte das consultas presenciais), a terapia online se tornou um recurso fundamental para quem precisou de auxílio nesse período – e deverá continuar a ser após a pandemia. Isso porque na modalidade online, a terapia oferece a vantagem de poder ser feita de qualquer lugar. Levantamento realizado pela Universidade McMaster, no Canadá, avaliou 17 estudos que levaram em conta a psicoterapia por videoconferência, e-mail e mensagens de texto – e entre os benefícios mencionados estão o fim dos deslocamentos até o consultório, a versatilidade em relação ao tempo dedicado à conversa com o profissional e a ampliação do acesso.
Ficar em casa ainda tem o benefício adicional de contribuir para a contenção do contágio, seja por covid-19, seja por quaisquer outras doenças infecciosas. Mesmo após a pandemia, poder realizar seu tratamento online será um grande auxílio para pessoas, por exemplo, com dificuldades motoras. Mesmo a distância geográfica deixará de ser um impedimento – terapeuta e paciente poderão morar em pontos extremos de um Estado, por exemplo.
A terapia online, além disso, não tem qualquer eficácia a menos em relação à forma presencial – e ainda: um trabalho da Universidade de Minnesota (EUA) mostrou que, além de ser tão eficiente quanto, há uma redução de custos, não só para o paciente como para o terapeuta. No Brasil, uma sessão no consultório custa, em média, R$ 258,22; na versão online, fica em torno de R$ 90.
Autodesenvolvimento
O número de psicólogos cadastrados na plataforma e-Psi (que é obrigatória para que o terapeuta possa atender online) aumentou 352% entre 2020 e 2021 – de março do ano passado, quando começou a pandemia, até setembro deste ano, mais de 138 mil profissionais aderiram. Já entre o final de 2018 (quando o sistema foi criado) e fevereiro de 2020, foram cerca de 30,6 mil cadastros. Além disso, o número de psicólogos que se cadastraram junto ao Conselho Federal de Psicologia (CFP) para atender online aumentou 900% de janeiro de 2020 a janeiro de 2021. Hoje mais de 170 profissionais têm essa autorização.
Mas tratamentos terapêuticos ainda sofrem resistência, destaca a psicóloga da Vibe Saúde, Isadora Bettarello. “Infelizmente a psicologia é vista como uma área que trata a loucura, depressão severa e outros transtornos mais graves. Porém a terapia não é apenas para tratar diagnósticos ou tristezas intensas, mas também para o autodesenvolvimento, autoconhecimento, trazendo diversos benefícios na relação com nós mesmos e com os outros”, afirma.
Nos últimos anos, sites, aplicativos e plataformas dedicadas a serviços de saúde mental online cresceram em popularidade – em parte à melhoria nas redes de celulares e na capacidade cada vez maior dos smartphones. Dessa forma, a consulta se torna mais fluida, sem interrupções por falhas de sinal. É importante que o profissional e paciente verifiquem a conexão da internet e estejam em um local com bom alcance de sinal. A oscilação interrompe o atendimento, dificultando uma sequência, ressalta a psicóloga.
Website: https://vibesaude.com/