27/10/2021 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), apresentou dados sobre consumo de bebidas entre mulheres.
Mulheres possuem mais facilidade de se tornarem alcoólatras, do que os homens. Mesmo não tendo dependência alcoólica, elas detêm riscos elevados de desenvolverem patologias físicas e transtornos mentais, pelo uso frequente de álcool.
De acordo com os últimos dados informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antes do início da proliferação da Covid-19, a quantidade de pessoas que consomem bebidas alcoólicas todas as semanas, cresceu.
Apesar de os homens serem maioria, o aumento se deu pela população feminina. Em cerca de 12 anos, o consumo de bebidas alcoólicas cresceu 26% entre as mulheres, foi o que afirmou a Vigitel em seu estudo juntamente com o Ministério da Saúde, analisando os dados do consumo de álcool entre 2006 a 2018.
Tratando-se de alcoolismo, as estatísticas apontam enorme crescimento nos casos entre mulheres. Das quais ingerem álcool, 25% bebem muito a mais do que deveriam. E 2% acabam desenvolvendo certa dependência alcoólica.
A dependência alcoólica avança mais rápido nas mulheres
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) apresentou dados em seu relatório chamado Panorama 2020 sobre o aumento do número de internações por causa do consumo de bebidas alcoólicas. Segundo o Panorama 2020, houve aumento de 19% no número de internações relacionadas ao uso de álcool entre as mulheres, entre 2010 e 2018.
Perguntado sobre o aumento dos casos de internação do público feminino o Doutor Silvio Carneiro CRM-MT 10650, Clínico Geral da clínica de recuperação Vida Serena, afirmou que existem casos de internações onde as mulheres estão muito debilitadas por causa do consumo de álcool. “Esses dados são alarmantes visto o prejuízo que o excesso de álcool no organismo oferece a curto e longo prazo”, disse Silvio Carneiro.
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas acarreta doenças de diversos sistemas do corpo humano. A preocupação é maior com as mulheres, pois as enfermidades associadas progridem mais depressa nelas do que nos homens.
Quais doenças o alcoolismo pode causar?
Durante um período um pouco menor de avaliação o Ministério da Saúde apresentou dados sobre o consumo excessivo de álcool entre as mulheres. Segundo o estudo, a quantidade de mulheres que correm o risco de chegar ao alcoolismo passou de 10,6% para 13,3% entre 2010 e 2019.
O endocrinologista João Eduardo Salles, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirma que “o etanol, porém, já foi ligado à resistência insulínica em outros trabalhos por favorecer o acúmulo de gordura no fígado”. O médico vai além e sugere que as mulheres busquem ajuda médica em qualquer caso de problema de saúde e, além disso, recomenda a prática de exercícios físicos e consumo de água.
Evandro Ribeiro, gerente da clínica de recuperação para alcoólatras Valor da Vida afirmou que é comum a entrada de mulheres que não praticam quase ou nenhum exercício físico para ter uma vida mais saudável para início do tratamento para alcoolismo. “Nossos médicos registram na primeira entrevista com cada paciente a informação sobre práticas de exercícios físicos e alimentação para definição do método clínico de tratamento individual”, afirmou Evandro.
Padrões no consumo de álcool
De acordo com estudos do Programa Saúde Mental da Mulher (ProMulher) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, pelo qual o Doutor Joel Rennó Junior administra e coordena a Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), existem 2 tipos de consumo de bebida alcoólica no sexo feminino.
As mulheres que estão mudando da fase reprodutiva para a não reprodutiva, período chamado de climatério, ingerem álcool de maneira isolada com o objetivo de enfrentar os problemas e alívio das dores psíquicas. Também existem as jovens que bebem em grupo de amigos ou nas festas com o intuito de obter a satisfação.
O uso infrequente de 4 doses de álcool (equivale a 350 ml de cerveja, 120 ml de vinho ou 40 ml de cachaça e detém cerca de 12 gramas de álcool) já é um enorme risco à população feminina. O uso de bebida alcoólica em excesso, além de causar as doenças já citadas no texto, acarreta outros problemas para as mulheres, tais como: gastrite, pancreatite e dificuldade para engravidar.
Perguntado se é possível receber tratamento para alcoolismo em qualquer fase da dependência alcoólica, Dorian Gomes, responsável pela clínica de reabilitação Grupo Novo Recomeço afirmou que independentemente do quadro de dependência alcoólica no qual a mulher se encontra, o melhor é procurar ajuda médica e profissional e nunca esconder o problema da família para, dessa forma, conseguir apoio e ajuda.
Quais os riscos de consumir álcool na gravidez?
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria promoveu no mês de maio de 2021 uma campanha com o objetivo de informar às mulheres a respeito da síndrome alcoólica fetal, mesmo que o Ministério da Saúde do Brasil enxergue com dificuldade, realizar um diagnóstico da quantidade certa do consumo de bebidas alcoólicas pelas grávidas no país.
Luís Gonzalo Gomez Barreto CRM 5679, psiquiatra na clínica de recuperação em Goiânia Revitale, disse que quando uma mulher grávida procura tratamento e internação, os cuidados são ainda mais específicos, visto que, além do tratamento para alcoolismo, deve existir acompanhamento psicológico com a mãe para o acontecimento futuro de relacionamento com o bebê depois do parto.
Loubaba Mamluk, da Faculdade de Medicina Social da Universidade de Bristol, baseada em 26 estudos sobre o assunto afirmou: “Na falta de provas mais contundentes, a recomendação às mulheres de se manterem longe do álcool durante a gravidez deve ser mantida como medida de precaução, sendo a opção mais segura”.
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