São Paulo – SP 22/7/2021 –
Um estudo realizado em 2009 pela Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, com 100 mil mulheres, que foram acompanhadas durante oito anos, indicou que o otimismo faz bem à saúde. A conclusão foi que as participantes com expectativas mais positivas para o futuro apresentaram risco 9% menor de desenvolver doenças cardíacas, assim como 14% menos probabilidade de vir a óbito por alguma outra causa.
Na mesma época, os homens foram objetos de outro estudo na Holanda, e dos 545 participantes da pesquisa, os mais otimistas tiveram redução de até 50% nas mortes por doenças do coração em comparação com aqueles que não traziam um olhar tão generoso para o futuro.
Em artigo publicado no JAMA, Journal of the American Medical Association, em 2019, foram analisados 15 estudos que envolveram mais de 200 mil pessoas, sendo constatado que o otimismo está associado a um menor risco de doenças do coração, em contraste com a atitude pessimista, que foi associada a um maior risco de eventos cardiovasculares. Os autores concluíram que “a promoção do otimismo e a redução do pessimismo podem ser importantes para a saúde preventiva”.
Segundo Cyro Masci, médico psiquiatra que atua em São Paulo utilizando a abordagem integrativa, conciliando a medicina tradicional com várias formas de tratamento não convencionais, estes indicadores positivos devem-se a algumas alterações bioquímicas no organismo. “O otimismo libera substâncias químicas, como a serotonina ou a dopamina, além de dificultar a liberação exagerada do hormônio cortisol. Desse modo, o organismo se protege dos danos consequentes que um estado de alerta constante provoca”, explica.
Olhar positivo para enfrentar momentos difíceis
Para Masci, a confiança no futuro, unida ao otimismo, pode fazer bem à saúde. Como tudo na vida, porém, o excesso pode ser prejudicial. “Se uma pessoa só espera coisas boas da vida, pode não adotar medidas importantes para se preparar diante das adversidades que o dia a dia traz, além de dificultar o enfrentamento de situações de crise”, afirma o psiquiatra.
“O ideal é que exista um equilíbrio saudável entre o extremo do otimismo cego, que se nega a ver as ameaças e perigos, e o pessimista radical, que tem uma visão de mundo comprometida pelos aspectos negativos da vida. Não permanecer em um extremo nem no outro é um estado que gosto de denominar como ‘otimismo realista'”, conclui.
O especialista acentua que o modo como cada pessoa interpreta os fatos da vida é decisivo para adotar uma visão otimista ou pessimista. “Todos nós atribuímos motivos e encontramos explicações para tudo que acontece na vida. E, como todo fenômeno mental, essa interpretação dos fatos está sujeita a vieses cognitivos”.
Um destes erros de explicação refere-se ao tempo de duração de um acontecimento. “O pessimista radical acredita que uma situação ruim é permanente. Já o otimista, consegue pensar em termos de um estado provisório, um acontecimento passageiro em que, ou a situação vai mudar, ou ele mesmo irá mudar e dar conta do novo estado”, exemplifica Masci. Além disso, a amplitude das desventuras pode acentuar momentos de crise, assim como reforçar padrões de pensamento.
O médico esclarece que nem sempre esses comportamentos podem ser modificados por aprendizado e treinamento. “Quando essa mudança não ocorre com facilidade, é importante pesquisar se não existe alteração na química do cérebro”, pontua o especialista, trazendo como exemplo a distimia, uma espécie de depressão mais branda, mas de maior duração, que pode causar mau humor, irritabilidade e pessimismo persistentes.
“Essa situação não é consequência dos diálogos e explicações internas, mas sim causada por alterações na bioquímica do cérebro. Nessa hipótese, o especialista médico preferencial é o psiquiatra, que poderá esclarecer a origem e o melhor tratamento para a pessoa acometida”, finaliza Masci.
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