Home Central Press Novos desafios: empresas buscam formas de amparar colaboradores com covid longa e suas sequelas

Novos desafios: empresas buscam formas de amparar colaboradores com covid longa e suas sequelas

por Central Press
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Fadiga, névoa cerebral e mal-estar pós esforço físico e mental estão entre os sintomas mais comuns que se mantêm após a doença

Novas pesquisas sobre as sequelas da covid-19 apontam para mais de 200 sintomas associados em dez diferentes órgãos. Segundo um estudo publicado no portal Lancet com 4 mil pacientes, perda de memória, alucinações, tremores e fadiga estão entre os problemas mais comuns, fazendo com que 45% dos participantes precisem diminuir as horas trabalhadas após a doença. O estudo sugere, ainda, que alguns sintomas podem surgir  meses após a infecção pelo coronavírus e que 90% deles ainda sejam persistentes após 6 meses da doença.

Diante dessa nova realidade, muitas empresas estão procurando novas formas de apoiar seus colaboradores e familiares tanto no período da doença como no retorno ao trabalho. “Tive a confirmação da covid-19, fiquei 23 dias na UTI e 13 intubado. Como profissional da saúde, sabia tudo o que estava acontecendo e o que poderia acontecer comigo. E, mesmo com todo conhecimento, ter orientação foi fundamental para saber o passo a passo e a hora certa de procurar o atendimento presencial”, explica o enfermeiro do Grupo Marista, Edilson Rodrigues.

Infectado no início da pandemia, o caso dele acendeu o alerta para que a instituição procurasse uma forma de apoiar seus 12 mil funcionários e passasse a utilizar o aplicativo Flowing. O App inicia com um questionário e vai orientando os colaboradores de acordo com as respostas inseridas. Assim, em casos suspeitos ou confirmados, é acionada uma equipe de suporte que realiza o acolhimento e o acompanhamento diário por telefone. “O aplicativo dá o suporte para toda uma estrutura de backoffice  que precisa entrar em ação nesses momentos”, comenta o gerente corporativo de Recursos Humanos do Grupo, Andree Dias.

Lançada em setembro, a ferramenta oferece diversas possibilidades para atender as mudanças de cada fase da pandemia. “O aplicativo começou pequeno e acabou crescendo. Agora temos uma preocupação grande com o pós-covid também, já que muitas pessoas acabam ficando com sequelas. Em parceria com operadoras de saúde, oferecemos o suporte com psicólogos, fisioterapeuta e médicos clínicos”, explica. “Como o colaborador é o protagonista no funcionamento do App, contamos com a abertura deles para o atendimento durante o caso agudo e para o acompanhamento de sequelas, além da sensibilidade dos gestores das áreas para sinalizar a necessidade desse atendimento posterior”, complementa Andree.

Teleconsulta diminui busca por serviço

A empresa Bosch também sentiu essa necessidade. Após perceber que muitos colaboradores acabavam procurando os hospitais em estado tardio, de muita gravidade, enquanto outros procuravam a emergência sem estarem com sintomas leves, que poderiam ter sido tratados em domicílio. “Nós buscamos um serviço que pudesse fazer esse acompanhamento dos nossos colaboradores e suas famílias, nos trazendo segurança que eles estariam sendo orientados por equipe médica especializada, com conhecimento da rotina dos hospitais no cenário de Pandemia, e seguindo o tratamento”, conta a médica coordenadora do Espaço Saúde da Bosch Curitiba, Isabela Lanaro.

As teleconsultas são realizadas por médicos do Hospital Marcelino Champagnat, de Curitiba (PR), que realizam atendimento on-line, orientam e acompanham os infectados. Em quatro meses, foram realizadas 456 consultas e apenas 7% dos casos precisaram buscar pronto atendimento. “Conseguimos fazer o acompanhamento do quadro do paciente, orientar para que ele faça a medição de febre, batimentos cardíacos e com oxímetro três vezes ao dia. Solicitamos exames sempre que necessário e mostramos quais sintomas são indicam que é preciso ir ao hospital. Assim, a pessoa fica segura e evita sair de casa sem necessidade, reduzindo até mesmo a sobrecarga do sistema”, esclarece a cardiologista e coordenadora do Ambulatório, Aline Moraes. “Quando o paciente tem sinais de alguma sequela, encaminhamos para avaliação por profissionais com experiência no cuidado ao pós-covid”.

A assistente social, Ana Letícia Cunha, 28 anos, é casada com um operador de máquina da Bosch e precisou do atendimento. Como já apresentava algumas comorbidades, o diagnóstico positivo para coronavírus acendeu o alerta. “A primeira sensação é de pânico. Mas fiz consultas on-line e o atendimento constante me deu mais segurança. A médica pediu exames e assim que saíram os resultados, me orientou a ir até o hospital. Já fui com a minha malinha pronta, pois sabia que seria internada, mas mesmo assim estava confiante”, diz.

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