O que está acontecendo no mundo dos shoppings. Nos últimos anos, os shoppings têm passado por mudanças significativas, moldadas por diversos fatores. Esses centros comerciais, que antes eram apenas espaços para compras, agora desempenham papéis mais amplos na sociedade.
O Brasil é um terreno fértil para o desenvolvimento de shoppings. Em 2023, os shoppings brasileiros faturaram R$ 194,7 bilhões, superando o recorde de vendas de 2019. Esse resultado é um testemunho da resiliência do setor e sua relevância na economia. O número de shoppings no país atingiu 639 unidades nas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste, segundo a Abrasce.
Como os shoppings começaram no Brasil
Não existe muitos dados concretos e documentais para se criar uma linha do tempo bem definida e equilibrada. O que se pode perceber é que a história dos shoppings no Brasil teve seu início com a inauguração do Mercado Modelo Coelho Cintra em 7 de setembro de 1899, na cidade do Recife. De acordo com os relatos e dados esse empreendimento, foi concebido e construído pelo empreendedor Delmiro Gouveia, é considerado o primeiro “shopping center” do país.
Somente em 1966 pousou no sudeste o primeiro shopping de grande porte. O Shopping Center Iguatemi, tem sido reconhecido como o primeiro shopping de grande porte no país. Ele marcou o início formal da era dos shoppings no país.
Hoje, o Brasil abriga uma variedade de centros comerciais, desde os tradicionais até os temáticos, atacadistas e outlets, com destaque para o Shopping Leste Aricanduva, que é considerado o maior centro de compras do Brasil e da América Latina.
Principais Características dos Shoppings Brasileiros
- Diversidade Cultural: Os shoppings brasileiros são verdadeiros microcosmos da sociedade. Eles abrigam lojas de diferentes segmentos, restaurantes, cinemas, espaços de lazer e eventos culturais. Essa diversidade reflete a riqueza cultural do país.
- Integração com a Comunidade: Os shoppings não são apenas locais de compras. Eles se tornaram pontos de encontro, espaços para atividades culturais e até mesmo para práticas esportivas. Essa integração com a comunidade é uma característica marcante.
- Adaptação ao Digital: Os shoppings brasileiros estão investindo cada vez mais em tecnologia. Plataformas digitais, aplicativos e experiências online fazem parte da estratégia para atrair e fidelizar clientes.
A mudança no mundo dos shoppings
O Censo Brasileiro de Shopping Centers revela recordes de faturamento, crescimento exponencial de empreendimentos e impactos significativos que marcam uma era no setor. Em 2022, o faturamento atingiu a impressionante marca de R$ 191,8 bilhões, retomando os patamares de pré-pandemia. Esse valor superou inclusive as projeções iniciais, mostrando a resiliência e a relevância dos shoppings na economia.
A entrada de fundos de investimento no setor trouxe capital e profissionalização. No entanto, essa mudança também pode resultar na perda da relação varejista tradicional. Quando fundos compram empresas, a definição do mix de lojas e negócios muitas vezes prioriza a rentabilidade em detrimento da diversidade cultural e da experiência do cliente.
O que diferencia os shoppings brasileiros do resto do mundo?
Enquanto em alguns países os shoppings enfrentam desafios com o crescimento do comércio eletrônico, no Brasil eles continuam a prosperar. Os shoppings, que antes eram gigantes de concreto e vidro, não são apenas centros de compras. São verdadeiros ecossistemas onde a vida urbana se desdobra em corredores iluminados, vitrines reluzentes e o aroma tentador das praças de alimentação. E por aqui foi diferente de tudo o que se viu no mundo dos shopping pelo mundo. Por aqui, eles têm uma história peculiar, marcada por desafios, superações e uma capacidade incrível de se reinventar.
Espaços Públicos Escassos
Na América Latina, existe uma escassez de espaços públicos seguros destinados a lazer e compras. Enquanto muitos torcem o nariz para a ideia de lazer no shopping, a verdade é que esses centros oferecem uma alternativa viável. Aqui, o shopping não é apenas um local de compras, mas um refúgio onde famílias passeiam, amigos se encontram e experiências são compartilhadas.
Integração com a Comunidade
Os shoppings brasileiros são mais do que meros empreendimentos comerciais. Eles se tornaram parte da vida cotidiana das pessoas. São palcos para eventos culturais, exposições, shows e até mesmo aulas de dança. A integração com a comunidade é uma característica marcante, e os shoppings se esforçam para serem relevantes para além das compras.
Adaptação ao Digital
Enquanto alguns shoppings pelo mundo enfrentam desafios com o crescimento do comércio eletrônico, os brasileiros abraçam a transformação digital. Plataformas online, aplicativos de descontos e experiências virtuais fazem parte da estratégia para atrair e fidelizar clientes. O brilho das vitrines agora se reflete também nas telas dos smartphones.
Mas qual será o futuro dos shoppings brasileiros
Os shoppings estão se reinventando. Espaços de convivência, cultura, lazer e serviços ganharão destaque. A integração com o ambiente digital e a personalização da experiência do cliente serão cruciais. E, quem sabe, em breve teremos shoppings com telhados verdes, painéis solares e hortas urbanas. Afinal, o brilho do consumo pode ser sustentável também.
Os centros de compra estão se tornando espaços de convívio social e familiar. Cada vez mais o foco está para crianças e para a terceira idade. Por motivos bem definidos. Os pequenos carregam seus pais e familiares e os idosos já contam com uma vida organizada e com alto poder de consumo pessoal. Mas para atender toda essa demanda é preciso estar atento as mudanças que impactam todo negócio.
Os principais pontos positivos do modelo de negócio em shoppings está ligado a maior eficiência operacional, modernização das instalações e atração de marcas renomadas. E para isso acontecer cada vez mais empresas tem se especializado em atender demandas específicas com o objetivo de melhorar os resultados.
Por outro lado, os pontos negativos do mundo dos shoppings estão ligados a perda da identidade local, ou falta de conexão com a região, bairro e cidade que está inserido, homogeneização das ofertas e para piorar a redução da diversidade cultural.
Padronização como caminho correto?
A padronização pode ser vantajosa para a gestão e a marca do shopping. No entanto, também pode afastar clientes em busca de experiências únicas. Encontrar um equilíbrio entre padronização e diversidade é essencial. Mas essa padronização pode trazer desafios grandes para os gestores dos empreendimentos.
Como as operações comerciais são poucas, passam a ser repetitivas em todos os empreendimentos. Para isso muitos negócios contam com allowance e vantagens para a implantação de novas unidades. Isso impacta de forma negativa nos resultados operacionais dos centros comerciais.
Mas existe saída?
A Relação com Franquias que deveria ser algo próximo demonstra um total desequilíbrio. Apenas 20% das franquias no Brasil estão preparadas para operar em shoppings. É fundamental melhorar essa relação. Treinamento específico, flexibilidade nas negociações e apoio na adaptação podem fortalecer essa parceria.
Outro ponto importante está no radar de crescimento de unidades pelo interior pelas franquias. O interior do Brasil está se tornando um terreno fértil para o crescimento das franquias, impulsionado pelo poder de consumo local e pela busca de oportunidades fora das grandes capitais.
Em muitas cidades já existem shoppings centers ou street centers em pontos que ou estão consolidados ou em processo de consolidação. Levar marcas franqueadas de reconhecimento nacional pode ser uma boa saída. Mas é preciso ir além disso.
Se a relação com as franquias é desafiadora por existir poucas com habilitação e padronização para atender o mercado de shoppings, imagine as lojas regionais. Muitas vezes o superintendente vem com a meta de entregar resultados. Não há tempo para ver e analisar o que acontece fora do ambiente financeiro. Para que possa entender o superintendente é o síndico do shopping. Durante muitos anos tinha pompa e todo glamour. E isso está se tornando um grande desafio para os empreendimentos. Definir e encontrar o perfil adequado de superintendentes.
Os superintendentes de shoppings precisam se adaptar. Além de habilidades gerenciais, eles devem entender as particularidades regionais e promover a integração com a comunidade. Para que o resultado seja positivo é importante que ele esteja preparado para se aproximar dos lojistas e encontrar soluções de atração de público. Acabou a era da formalidade e do distanciamento. É preciso ser prático, ágil, diferenciado para trazer resultados diferentes
A terceirização como solução
Minas Gerais ensinou muitas coisas ao mercado varejista. Uma delas é “se você pode pedir para o superintendente direto, por que vou gastar energia com um terceiro que pode levar juízo de valor e acabar destruindo as possibilidades comerciais que serão criadas”. É isso mesmo, todos os lojistas querem aproximar do superintendente e cada vez mais as empresas estão terceirizando esse serviço.
Ao contratar uma empresa terceirizada é preciso ficar de olho na relação local e na capacidade que essa empresa tem de influenciar decisões junto ao time do shopping. Os lojistas aprenderam que se quiserem podem mudar o rumo traçado pelos shoppings.
A distancia com as franquias precisa ser diminuída
Em 2023, o mercado brasileiro de franquias arrecadou R$ 240,6 bilhões, crescendo 13,8% em relação a 2022. O setor conta com 3.311 redes e 195.862 unidades operando. A sintonia por mais inacreditável que pareça está no crescimento dos setores. Os segmentos de Alimentação, Saúde, Beleza e Bem-Estar lideram o ranking caminhos que vem sendo trilhados pelos empreendimentos comerciais.
Por mais que os empreendimentos estejam se transformando em espaços de convivência, cultura, lazer e serviços ganharão destaque. A integração com o ambiente digital e a personalização da experiência do cliente serão cruciais. Mais do que isso, para o Coordenador de especialização em Gestão de Franquias da PUC Minas Carlos Calic, a relação com o mercado regional e de bairro será fundamental para o futuro. “Com a busca por conveniência e proximidade, o mercado regional e de bairro tem potencial de crescimento. Shoppings menores e focados na comunidade podem prosperar”, relata Calic.
Modelos criados para as grandes marcas devem ser utilizada nos pequenos negócios
A parceria ganha ganha deve ser formalizada de forma real. Isso acontece muito com as grandes marcas, entretanto não acontece com as pequenas marcas e tão pouco com marcas regionais. Olhar para o futuro em que tudo está se transformando é preciso entender que a relação entre franquias e shoppings será fundamental para o sucesso de todos os negócios.
A adaptação às Mudanças do Mercado pode ser o primeiro passo. As franquias precisam se adaptar às transformações no mercado. Isso inclui oferecer produtos e serviços inovadores que atraiam os consumidores.
Investir em marketing digital é essencial para alcançar um público mais amplo e promover a marca.
A experiência de Compra Personalizada e Omnichannel precisa ser uma realidade. Proporcionar uma experiência de compra personalizada é fundamental. Isso pode incluir programas de fidelidade, atendimento diferenciado e promoções exclusivas.
A integração omnichannel permite que os clientes comprem online e retirem na loja física, criando uma experiência fluida.
Diferenciação real. Os shoppings muitas vezes enfrentam a falta de diferenciação. Para atrair e fidelizar clientes, é importante oferecer algo único. Isso pode ser alcançado por meio de eventos, decoração temática e outras estratégias criativas.
Fortalecer a parceria bilateral. Shoppings e franquias devem trabalhar juntos para atrair e fidelizar clientes. O sucesso de um afeta diretamente o outro. Os shoppings cobram aluguel com base nas vendas, incentivando as franquias a prosperarem.
Os shoppings e franquias precisam estar na mesma tela. Identificar e corrigir gargalos operacionais. Franquias e shoppings devem colaborar para identificar e resolver problemas operacionais. Isso inclui padronização de processos e gestão financeira adequada.
E com isso trabalhar com o objetivo de fortalecer a marca. A parceria entre franquias e shoppings deve fortalecer a marca como um todo. Isso envolve promoção conjunta e estratégias de branding. Atrair olhares para esportes segmentados como basquete, hipismo e se tornar palcos para comunidades utilizando produtos diferenciais de marcas franqueadas. Caminhos ainda novos e que podem fazer diferença no resultado dos shoppings.
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