Roma – Itália 2/12/2021 – A inclusão de pessoas com deficiência e a garantia de todos os direitos está prevista na Constituição do Brasil.
Dados levantados em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que pelo menos 45 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que representa quase 25% da população. Segundo a Coordenação Geral de Saúde da Pessoa com Deficiência “pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”. Sendo uma parcela considerável dos brasileiros considerados PCDs (pessoas com deficiência), cada vez mais é possível encontrar representatividade desse grupo na literatura.
Personagens, sendo muitos protagonistas, estão presentes na literatura atual de forma politicamente correta. No artigo “A Representação da Deficiência em Narrativas Ficcionais: Um Estudo Comparado Sobre as Diferenças na Literatura”, de Rosangela Marcilio Bogoni, a autora cita que seu primeiro contato com um PCD na literatura clássica mostrava uma pessoa dita como sem utilidade e de forma negativa, o que era muito comum. Mas muito mudou nas últimas décadas e hoje inclusive há uma vertente que mostra a representação da deficiência na literatura infantojuvenil nos tempos de inclusão.
“A inclusão de pessoas com deficiência e a garantia de todos os direitos está prevista na Constituição do Brasil. Porém, mais do que incluir as pessoas com deficiência em todos os espaços da sociedade, é necessário reflexão e mudança de comportamento. Uma maneira de fazer isso é levar o tema para a infância ou para o início da juventude”, comenta.
Literatura de inclusão
O artigo “A Representação da Deficiência na Literatura Infanto-Juvenil nos Tempos de Inclusão”, de Lucélia Fagundes Fernandes Noronha, afirma que “pensando na leitura como fonte de conhecimento, e no livro como a interface entre o leitor e as ideias ali contidas, a literatura infantojuvenil pode ser um canal de formação e informação das crianças e jovens, entretanto, se essas histórias representarem a deficiência com elementos explícitos e implícitos geradoras, propiciadoras e solidificadores de estereótipos e preconceito com relação à deficiência, não estarão condizentes com o momento em que se vislumbra a inclusão escolar e social da pessoa com deficiência”. Assim, destaca que um dos caminhos necessários é cuidar das informações que chegam às crianças a respeito da deficiência pelos produtos culturais, sendo a literatura infantojuvenil muito importante, já que é extremamente presente na vida de crianças tanto dentro quanto fora da escola.
A pesquisadora salienta que a “literatura Infantojuvenil, por iniciar o homem no mundo literário, pode ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar a sociedade e principalmente as relações socioafetivas. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambiguidade e pluralidade”.
Segundo Débora Gimene, psicóloga, as histórias são importantes para o desenvolvimento infantil, pois com elas as crianças podem criar um mundo mágico e simbólico e podem elaborar instrumentos e formas de lidar com suas questões individuais, com suas dificuldades, medos, emoções e sentimentos. “As histórias auxiliam na construção de valores e de habilidades emocionais e sociais, além de contribuir para formação cultural. Poder se identificar com um protagonista é algo enriquecedor e todo mundo deveria ter essa oportunidade”, comenta. Ela comenta que esse é um tema muito importante para si, já que trabalha diretamente com pacientes PCDs e possui integrantes na família que são. Sua mãe é deficiente física e sua filha possui uma rara síndrome. “Tudo isso certamente me tornou uma pessoa mais empática e atenta a detalhes de inclusão e me mostra o poder da dedicação e da valorização das diferenças. E com certeza a literatura não deve ter representatividade relacionada apenas a pessoa com deficiência, mas toda a sociedade, não apenas parte dela”, destaca.
Literatura infantil
Vivian Costa, enfermeira, tem contato constante com pacientes PCD. E foi esse convívio diário que a levou a escrever “Viva! Viva Javali!”, seu primeiro livro e que foi publicado pelo selo infantil da Editora Albatroz, a Albatrozinho. “Acredito que o futuro depende da leitura de mundo que cada criança constrói ou se sente estimulada a construir. Assim, o relato de tantas pessoas, grandes e pequenas, me desafiaram a propor uma leitura crítica em torno de uma realidade social que existe e precisa ser mudada”, conta.
Focado na inclusão, em “Viva! Viva Javali!” o leitor conhece Leo, um garoto numa cadeira de rodas, e Javali, seu cachorro e amigo fiel. Vivian Costa fala, de maneira lúdica e criativa, nas páginas do livro sobre como muitas pessoas têm visão errada de PCD. O personagem em certo momento conta que ninguém acreditava que ele já pudesse ler só porque não podia caminhar. No enredo Leo e Javali sempre brincaram juntos, mas outras crianças não queriam estar com eles. “Léo então entendeu que não era preciso ter as mesmas capacidades para poder se divertir com crianças da sua idade. E a molecada aprendeu algo ainda mais importante: aceitar novos amigos não é só uma questão de respeito e educação, é também acrescentar às brincadeiras diárias muito mais conhecimento e emoção”, diz certo trecho da obra.
Vivian Costa comenta que apesar de ter sido a sua primeira obra, não será a última, “Javali chegou para me aproximar do gênero infantil e aprender com cada leitor onde é importante melhorar, para que o propósito de construir o mundo melhor seja amplamente alcançado”, explica. Além disso, escreveu um romance chamado “Sóis de Quarentena”.
Para adquirir “Viva! Viva Javali”, basta acessar este link para o site da Editora Albatroz.
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