“Esperança”. É assim que C.A., 40 anos, descreve o Projeto Recomeçar, do qual participou quando estava presa na Cadeia Pública de Toledo, na região Oeste do Paraná, cumprindo pena de seis anos por ter sido acusada de mandante de homicídio. “Eu tinha 32 anos, dois filhos – um de seis e outro de nove anos – e me envolvi com a pessoa errada. Fiquei em choque quando fui presa. Mas depois de um tempo, comecei a perceber que minha prisão foi um livramento, pois algo muito pior poderia ter acontecido comigo, me afundando ainda mais nesse mundo”, conta C.A.
Após pouco mais de um mês atrás das grades, C.A. conheceu o grupo que faz parte do Projeto Recomeçar, desenvolvido pela Responsabilidade Social da indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, o qual oferece oficinas de música, atividades esportivas e artísticas, palestras com dicas de saúde e orientações sobre o mercado de trabalho para os detentos do Departamento Penitenciário de Toledo (Depen) e do Fórum da cidade. “Percebi que precisava me aproximar dessas pessoas. Mas levei mais de um ano para entrar com uma mentalidade mais saudável, de querer viver, recomeçar. Eles acenderam em mim a chama do propósito, plantaram a esperança de que eu conseguiria vencer os obstáculos, passar por ali e sair melhor”, destaca.
Quando conquistou novamente a liberdade, C.A. recuperou a guarda dos filhos, que estavam com os avós, e conseguiu voltar ao mercado de trabalho, atuando hoje no atendimento ao público. “Tenho orgulho da minha história, de como consegui reconstruir minha vida. Na cadeia, aprendi a lidar com diferentes pessoas, algumas mais explosivas, outras mais quietas, e uso esse conhecimento para o meu trabalho atual”, explica a ex-detenta.
Oficinas e reinserção
Criado em 2010, o Projeto Recomeçar iniciou atendendo 80 mulheres. Em 13 anos, foram realizados mais de 23 mil atendimentos a pessoas privadas de liberdade de ambos os sexos em Toledo. As oficinas abordam temas relacionados a competências comportamentais, informações sobre saúde e qualidade de vida. “O projeto nasceu com o objetivo de reinserção no mercado de trabalho e ressocialização na comunidade. O ambiente prisional é um lugar de muita tensão e a saúde mental fica abalada, por isso focamos em levar qualidade de vida para dentro do sistema prisional”, explica a supervisora de Responsabilidade Social da Prati-Donaduzzi, Maria Rita Pozzebon.
Além das oficinas realizadas às quartas-feiras, a farmacêutica também dá oportunidades de trabalho aos privados de liberdade por meio do Projeto Colméia. Atualmente, sete detentos trabalham seis horas por dia fazendo as embalagens usadas para o transporte de medicamentos. Em troca, eles recebem benefícios como redução da pena prevista na Lei de Execução Penal (três dias trabalhados significam um dia a menos de pena), além do pagamento do pecúlio. O valor é inferior ao salário mínimo, com uma parte depositada para a família do detento e a outra fica com o Depen para ser entregue assim que o alvará de soltura for emitido.
“É um projeto muito completo, porque ajuda as pessoas privadas de liberdade a descobrirem suas potencialidades e qualidades. O preso chega desacreditado e ali ele tem a oportunidade de resgatar sua vida, de ter uma nova chance”, conclui a assistente social do Conselho da Comunidade da Comarca de Toledo, Maria Soares.
Sobre a Prati-Donaduzzi
A Prati-Donaduzzi, indústria farmacêutica 100% nacional, é especializada no desenvolvimento e produção de medicamentos. Com sede em Toledo, Oeste do Paraná, produz aproximadamente 13 bilhões de doses terapêuticas por ano e gera mais de 5 mil empregos. A indústria possui um dos maiores portfólios de medicamentos genéricos do Brasil e desde 2019 vem atuando na área de Prescrição Médica, sendo a primeira farmacêutica a produzir e comercializar o Canabidiol no Brasil.