Nesta última semana a Ricardo Eletro teve a falência decretada. As informações foram divulgadas amplamente pelos veículos de comunicação, entretanto para o Presidente da empresa foi uma resposta inesperada.
Para o CEO da Ricardo Eletro, Pedro Bianchi, a decisão “pegou todo mundo de surpresa”. “Todas as nossas contas foram aprovadas pelo administrador judicial e nossa folha de pagamentos está em dia. Já recorremos e esperamos ter uma decisão favorável em breve”, reforçou.
A Justiça de São Paulo decretou a falência da varejista Ricardo Eletro, controlada pela Máquina de Vendas. Com uma dívida de R$ 4,6 bilhões, a companhia está em recuperação judicial desde 2020 e aprovou seu plano de recuperação em setembro do ano passado. O plano aguardava homologação da Justiça.
Gigante em tudo
A Ricardo Eletro apresentou em outubro de 2020 o maior plano de recuperação judicial registrada no setor de varejo. Com dívidas de R$ 4 bilhões e quase 20 mil credores, a empresa fechou 400 lojas e opera atualmente no formato digital. Para focar nesse novo modelo, a marca renovou seu logotipo pela primeira vez depois de 30 anos, com o objetivo de demonstrar o atual momento da empresa que está focado no marketplace.
Pedro Bianchi, atual CEO da empresa, diz que a marca tem hoje cerca de 3 mil itens à venda em seu site e mais 30 mil produtos serão incluídos no portfólio nos próximos meses. A expectativa é terminar 2022 com faturamento de cerca de R$ 100 milhões. O executivo diz ainda que nenhum credor pediu a falência da empresa e que não cabe ao juiz fazer a análise econômico-financeira do negócio.
A história da Ricardo Eletro
Ricardo Eletro foi uma rede brasileira de varejo especializada em eletrodomésticos. Ela foi fundada por Ricardo Nunes em 1989 na cidade de Divinópolis, Minas Gerais quando tinha apenas 18 anos. No começo, a loja vendia somente aparelhos eletrônicos e bichos de pelúcia.
A estratégia do Ricardo Nunes era abrir seus pontos de venda em locais onde já havia concorrentes, com o objetivo de para buscar os clientes dos concorrentes. Seu foco principal era a venda de produtos cobrindo qualquer oferta do Brasil, ferramenta que foi usada durante todo período de funcionamento da empresa.
A expansão da Ricardo Eletro começou em 2007, e chegou no auge em 2014 a ter 1.200 lojas e mais de 28 mil funcionários.
A expansão
Em 2009 a marca chega à capital mineira e já estava entre as maiores empresas de varejo eletroeletrônico do país, segundo a própria companhia. Além do crescimento orgânico, a empresa lançou mão da estratégia de crescer via aquisições. Um das primeiras a entrar para o portfólio foi as lojas MIG, que tinha forte atuação no Centro-Oeste.
Neste mesmo ano, incorporou a Citylar, rede com atuação no Centro-Oeste e Norte, e a Eletroshop, com atuação forte em Pernambuco e em outros estados no Nordeste. No ano seguinte, é a vez da Salfer entrar para o conglomerado.
Em 2016 a Máquina de Vendas anunciou que uniria todas as marcas do grupo em uma, Ricardo Eletro. Assim, gradativamente desapareceram as bandeiras Lojas Insinuante, City Lar, Eletro Shopping, Clique Eletro, Salfer.
Em 2017, a Ricardo Eletro tinha 1.200 lojas, e estava presente em 17 estados brasileiros, e era líder de vendas. Em Minas Gerais, estado onde estava seu principal Centro de Distribuição, chegou a possuir 5 grandes centros de distribuição localizados estrategicamente para garantir a entrega de produtos em todo o Brasil.
Em 2018, a Ricardo Eletro entrou com uma ação na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. Em janeiro de 2019, o pedido foi aceito e foi concedido à empresa um valor de 1,9 bilhão para recuperação. Entretanto o valor da dívida era bem mais alto do que aprovado.
Em 2019 o número de lojas reduziu para 209 e em 2020 encerrou todas as atividades de todas operações. Junto com esse movimiento, a receita da empresa foi minguando, de R$ 180 milhões mensais em 2019 para praticamente zero.
Controvérsias
Em 2020, o fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, e sua filha Laura Nunes foram presos sob a acusação de terem sonegados mais de R$ 400 milhões de impostos no estado de Minas Gerais ao longo de mais de cinco anos. Houve um mandado de prisão em aberto para o diretor superintendente da Ricardo Eletro, Pedro Daniel Magalhães, em Santo André (SP), porém teve o mandado revogado, assim como Laura Nunes.
De acordo com as investigações, o fundador Ricardo Nunes cobrava normalmente o imposto dos consumidores, embutido no preço dos produtos, mas não fazia o repasse ao estado. Em nota oficial publicada no próprio site da empresa, a Ricardo Eletro informou que os problemas envolvidos nesse processo não possuem vínculo nenhum com a atual gestão da empresa, sendo todos referentes a gestão de Ricardo Nunes e anteriores ao ano de 2019.
Quem são so donos da Máquina de Vendas hoje
A Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro, é controlada pela MV Participações que, por sua vez, está sob o comando do Fundo de Investimentos em Participações (FIP). Pedro Bianchi deixou seu cargo na Starboard Partners, empresa especializada em recuperação e reestruturação financeira para se dedicar integralmente ao projeto da Ricardo Eletro.
O fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, começou em 2021 a dar palestras e consultorias, dedicando um bom tempo no instagram para influenciar e falar sobre a sua experiência no mundo dos negócios.
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